quinta-feira, 15 de dezembro de 2005

Sobre o legalismo

Quem está mais preocupado em saber até onde pode ir do que em estar cada vez mais perto de Deus está sempre querendo saber o que pode e o que não pode fazer. Quando essa disposição mental reprovável, como diria o apóstolo Pedro, começa a ganhar espaço no meio de uma comunidade, a reação dos líderes não é menos repulsiva. Começam a pulular as proibições, os estatutos, e aqueles escândalos muito mais relacionados com a impureza do escandalizado do que com a falha do escandalizador, que nem sempre, de fato, pecou. Assim o Evangelho se distorce, e o que deveria ser a mais completa e perfeita celebração da liberdade começa a se transformar em nada menos que um amontoado de regras que já não mais cria discípulos de Jesus, mas meros membros de denominações sectárias.

É aterradora a semelhança com que cristãos de determinadas igrejas falam, se vestem e se comportam. Ai daquele que fugir do padrão, pelo critério mais irrelevante que seja. Pois o legalista é sempre autoritário, e sempre quer lançar fardo semelhante ao seu aos ombros de quem não o tem. Sua visão do Evangelho é por demais primária, restrita e obtusa. Em grupo, legitimados pelo consenso, tornam a ideosfera local totalmente insalubre. Considerando-se zelosos, fazem o trabalho do acusador, que, no camarote, dá risada. Findam-se as reflexões e o estudo da Palavra e brotam os slogans e as palavras de ordem. Acaba-se o discipulado e começa o adestramento.

Talvez um dia os legalistas percebam que, sem liberdade, não há escolhas moralmente válidas. Então estarão prontos para seguir a Deus com suas próprias consciências, e por fim, entendendo o sentido máximo do sacrifício de Cristo, passarão a viver debaixo da graça.

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