terça-feira, 24 de janeiro de 2006

A Liberdade unificadora e o legalismo faccioso

Um dos maiores desafios da Igreja hoje quanto à sua organização, sob os moldes bíblicos, é conciliar um dos maiores anseios de Cristo, um reiterado para que todos sejam um, exposto em sua oração sacerdotal no capítulo 17 do Evangelho de João, com o respeito pela individualidade de cada discípulo de Jesus, evidenciado em passagens como examine pois o homem a si mesmo (Coríntios 11:28) e tem cuidado de ti mesmo e da doutrina (1 Timóteo 4:16).

Observo que os diferentes legalismos existentes nas diversas denominações cristãs constituem não só violações absurdas e abusivas da liberdade de cada fiel, mas também uma das principais causas da atual mutilação do Corpo de Cristo – o próprio sectarismo denominacional. Ao longo dos dois últimos milênios, foram raros os momentos em que a Igreja deu a devida atenção a um conselho do apóstolo Paulo, suficiente para unificar de uma vez todo um amontoado de denominações que só se diferenciam umas das outras por manifestar diferentes padrões de legalismo: quem come não despreze o que não come; e o que não come não julgue o que come, porque Deus o acolheu. (Romanos 14: 3).

Enquanto a Igreja não aprender essa lição, não conseguirá manter-se unida. Consequentemente, o mundo não vai crer no Deus que enviou Jesus Cristo. É Jesus que faz tal afirmação, em João 17: 21-23, num dos trechos mais belos, profundos e impactantes das Sagradas Escrituras:

A fim de que todos sejam um; e como és tu, ó pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós; eu neles e tu em mim,a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim.

Pode-se ter absoluta certeza que assim que todos os cristãos almejarem essa unidade, que, como se vê, é fundamental para que os propósitos da Igreja sejam cumpridos plenamente aqui na terra, nossos templos ficarão pequenos e o Evangelho transbordará pelas ruas.

Essa união tão ardentemente sonhada por Jesus, para que o mundo creia, não deve, porém, se realizar a qualquer custo, com a complacência a velhos vícios de ordem institucional e a tolerância ao pecado. De forma alguma. Quanto a isso o apóstolo Paulo dá uma orientação que novamente evidencia o valor do zelo pela Verdade, da consciência individual, da santidade e da excelência na vida cristã a qualquer custo: E até importa que haja entre vós facções, para que os aprovados se tornem manifestos entre vós. (I Conríntios 11:19)

Enfim, só devemos nos afastar dos não aprovados. E para saber quem é aprovado ou réprobo quanto à fé, a fórmula é simples: pelos frutos os conhecereis. Submetamos, portanto, nossas mentes à autoridade de Cristo, pois o homem espiritual julga a tudo, e por ninguém é julgado (I Cor.2:15).

Minha oração é para que possamos, com ousadia e direção do Espírito Santo, aplicar tais diretrizes contidas nas Escrituras, para que o sonho de Jesus se cumpra e vidas sejam salvas.

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