terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Cosmovisão cristã ou subserviência intelectual tosca?



Já está se tornando um personagem comum, típico em quase todas as igrejas, e principalmente, caricato. Mais ridículo ainda ficam seus trejeitos, cacoetes e mantras quando começa a liderar um "ministério", uma "rede" ou uma ONG (uau...). Senhoras e senhores, eu duvido que vocês já não tenham trombado com o novo intelectual evangélico brasileiro. Aquele rapazinho entre 25 e 30 anos de idade, que trabalha como professor, com meia-dúzia de livros lidos e uma pós-graduação mequetrefe que lhe confere a sensação e o prestígio entre os incautos para falar com autoridade sobre assuntos como sociologia, economia política, globalização, etc...

Como todo intelectual, ele é questionador. Se vê e quer ser visto como alguém que tudo questiona. Reclama da "alienação" alheia (sim, o esclarecido é ele) e está preocupado com as injustiças desse mundo e com a pobreza (sim, os egoístas são os outros).

O mais esquisito é que ele sempre está com nomes como Spurgeon, Lewis e Baxter na boca, criticando a forma com que a igreja (aliás, ele não pára de criticar a igreja) deixou sua fé manifestar-se unicamente na esfera pessoal, privada, e não a aplicou a todas as amplas questões que envolvem o convívio humano, a sociedade, a cultura, etc. Na verdade, ele não tem muito mais do que isso para falar. É esquisito porque esse intelectualzinho que vive de barba mal-feita comete exatamente o mesmo erro. Quanto mais falam em "cosmovisão cristã", em "visão integral" e afins, mais dá para perceber que ele entendeu muito pouco do que criam os autores que ele diz ser seus preferidos.

Na verdade, eles só citam desses autores aquilo que lhes interessa. O que nem sempre tem a ver com o "examinai tudo, retém o que é bom". Porque esse personagem tão comum aprendeu tantas coisas alheias não só ao que estes autores defendiam, mas à própria Bíblia, ao longo de sua vida, digamos, intelectual, que a última coisa esperável dessas figurinhas é essa visível incoerência e a fragmentação de seu conhecimento, não só digna de pena, porque ela é bem compreensível, tendo um fato claro a seu respeito: com a recusa metafísica característica da modernidade, houve a perda do sentido de conhecimento integrado, de uma cosmovisão cristã plena e articulada, na qual todas as principais teses convergem para os mesmas premissas, para os mesmos alicerces, numa epistemologia sólida, ao longo dos últimos dois séculos. Isso afetou também a igreja de Cristo, e num Brasil de educação precária, com os piores índices de desempenho educacional e com uma elite intelectual que taxa o Cristianismo, nos meios acadêmicos, como o pior conjunto de idéias que já apareceu sobre a Terra ao longo da história, não se poderia esperar outra coisa desse pelotão de presunçozinhos.

O resultado não poderia ser mais trágico: cristãos bem intencionados, mas sem o menor preparo para lidar com as questões as quais se propõem a lidar. Uma rápida passeada pelos blogs, pelos sites dos mil e um "ministérios" e das tais redes e ONG´s evangélicas, e um fato salta aos olhos: a "escolinha Jimmy Carter" deixou seus frutos (e frutas, mas deixa pra lá...). E o que é fazer parte da 'escolinha Jimmy Carter'? Simples: é, com a melhor das intenções, confiar no seu próprio entendimento, para, como cristão, dar apoio a tudo aquilo que não presta e se opõe à fé cristã.

É trocar figurinhas, idéias e apoio com partidos políticos abortistas e defensores do lobby gay. É, criticar os EUA para defender grupos de assassinos de cristãos, como os comunistas e os radicais islâmicos. É defender vastas intervenções do Estado na economia, e reclamar da pobreza. E por quê eles fazem isso? Porque o típico intelectualóide evangélico quer agir como cristão, mas aprendeu a ver o pobre como Marx. Quer ver a natureza como Deus vê, mas Stephen Jay Gould e os impostores do Greenpeace não saem de sua cabeça. Quer educação cristã em toda parte, mas louva Paulo Freire. Quer uma economia próspera, como tudo que está alinhado com os valores do Reino de Deus, mas aprenderam que a receita certa está em Keynes, ou, pior, em Lênin. Sonha com uma arte cristã mais rica, mas não conseguem admirar o que vai muito além do punk-rock e da literatura beatnik.

Querem um Brasil entregue a Jesus, mas agem como Robinson Cavalcanti, Rick Warren e outros militantes que se alinham e defendem instituições com agendas anti-cristãs na base, na essência, e em cada linha de seus estatutos.

Notem: eles sempre têm uma crítica à igreja na ponta da língua. E um louvor a qualquer Dawkins, Gandhi ou John Lennon da vida. Ele está tão a frente da "mentalidade atrasada que ainda há em nossas igrejas", que suas afinidades com os valores seculares não podem ser tidas como esclarecimento. É pura subserviência, é puro medo de desagradar seus ídolos mundanos.

J.P. Coutinho tempos atrás chamou este típico evangélico "preocupado com questões sociais", Jimmy Carter, de idiota útil. Útil aos que odeiam aquilo que Carter dizia defender. É difícil encontrar nome mais apropriado para esse imenso contingente de evangélicos brasileiros metidos a críticos, mas que nada mais são do que papagaios do Anticristo.

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