(Publicado em minha coluna no Gospel Mais e no Mídia Sem Máscara.)
Leio num artigo postado em um blog cujos editores garantem não serem esquerdistas (já ficou claro que mentem) a seguinte pérola:
“A convergência de fenômenos como: o estimulo ao capital e
consumo, a abertura e flexibilização da mídia, aumento do poder de
compra, e o desejo coletivo em consumir, proporcionaram o cenário ideal
para o crescimento da teologia da prosperidade no Brasil.”
E lá vamos nós. Aí está mais um exemplo claro de “bufonaria
paramarxista”, como dizia Raymond Aron. E, mais uma vez, disfarçada de
crítica eclesiológica pretensamente apologética.
A começar pelo óbvio: para o autor, o problema da teologia da
prosperidade é um problema decorrente da presença do livre mercado e de
um estado de direito parecido com o das democracias liberais: com a
possibilidade de que cada cidadão seja responsável pela melhoria de sua
própria condição econômica, com imprensa livre e os direitos de
propriedade e produção assegurados.
E o que os socialistas querem? Qualquer um sabe: regulação econômica
brutal, controle da mídia, nivelamento entre classes. E então, para o
pseudoeclesiólogo, a maldita teologia da prosperidade não será mais
problema.
O engraçado é que essa turma culpa o livre mercado pelo consumismo e
pelo materialismo (note: para eles não existe o indivíduo e suas
decisões pessoais, apenas “classes” em disputa), mas dizem que estes são
fenômenos recentes. O fato é que a intervenção estatal na economia é
que é a verdadeira novidade na história, e em nada reduz o consumismo e o
materialismo. Nós brasileiros talvez sejamos mais dinheiristas e
mesquinhos do que muitos povos europeus que ainda desfrutam de mais
liberdade de mercado do que nós.
E se o livre mercado é de séculos
anterior ao problema do consumismo e do materialismo, não pode ser
necessariamente sua causa. Até por que ser assim é pura decisão pessoal,
pecaminosa, e algo que pouco tem a ver com posições políticas. Nossa
esquerda-caviar que o diga.
Mas os esquerdistas, estes sim, querem acabar com o pecado acabando
com a liberdade humana de produzir, comprar, vender, investir, etc. E
depois o autoritário é o “reaça” aqui. Temos ou não diante de nós um
bando de criaturas asnificadas pela ideologia socialista?
Outra: quem mais fomenta esse relativismo moral, materialista,
hedonista e consumista é a indústria cultural, dominada pela esquerda.
Da maconha à glamurização sistemática de símbolos revolucionários,
passando pelo ambientalismo e pelo aborto, tudo o que se tem hoje na
mídia de massa é artefato produzido para destruir os valores
tradicionais; é militância pura e simples, e os recentes surtos de
idolatria obâmica, onipresentes em nossa grande imprensa, não me deixam
mentir.
Como não culpar quem detém a hegemonia cultural pela crise de
valores, pela própria derrocada cultural? Propondo sanar os problemas
que eles mesmos produziram, os esquerdistas preferem defender o absurdo.
Afinal, poder comprar e vender não faz de ninguém um boboca disposto a
cantar música do Planet Hemp ou dançar imitando a Lady Gaga. Mas a
hegemonia cultural, sim, faz um pelotão de cristãos imbecilizados nas
universidades, seminários e lendo veículos de comunicação como as
revistas Ultimato e Cristianismo Hoje saírem tagarelando clichês da New
Left mal disfarçados de crítica eclesiológica respeitável.
O autor posa de analista mas não passa de ‘idiota útil’, como dizia
Lênin destes militantes apaixonados que no fim das contas só vão se
ferrar com a conquista do poder total pela nomenklatura.
O ridículo, para boa parte dessa patota, é que eles nem sequer fazem
isso por opção. Ou alguém aí acha que muitos deles estudaram outra coisa
na vida além de conteúdos esquerdistas? Até teologia, graças à
“teologia” da “libertação” e à “missão integral”, eles já a aprenderam
‘esquerdizada’. Tanto que, vale destacar, qualquer artigo imbecil do pró-poligamia Robinson Cavalcanti (já enaltecido no blog em que foi publicado o artigo) de 10, 15, ou 20 anos atrás fala exatamente a mesma coisa deste que agora comento.
Mas é da mente esquerdista viver repetindo, como um robô, a doxa
partidária como se fosse ciência e análise vinda da consciência autônoma
do indivíduo. George Orwell percebeu isso com clareza e temos no
romance 1984 a presença da newspeak, a ‘novilíngua’, papagaiada por um processo mental chamado duckspeaking, ou ‘patofalar’. Segue uma amostra do que se lê no artigo: “o
desenvolvimento da teologia da libertação na América Latina, aconteceu
em decorrência a corrupção, desigualdade e injustiças sociais.”
Mais marxista, mais subserviente ao esquerdismo e mais fiel à estratégia de infiltração revolucionária nas igrejas, impossível.
É claro que penso que a teologia da prosperidade e o materialismo
grosseiro de nossas classes B e C devem, sim, ser criticados. Mas ter de
aturar críticas com duckspeaking é dose para leão. E não menos
nojenta é essa sanha ideológica que se disfarça de eclesiologia e
apologética visando o lucro político: doutrinar cristãos incautos e
despreparados visando fortalecer a corrente ideológica que está
empreendendo há pelo menos 50 anos uma perseguição cultural ferrenha a
tudo aquilo que representa o legado cristão no Ocidente. Essa sim, é a
grande mesquinharia, o grande devaneio, a grande ambição que assola os
setores de igreja contaminados pela ideologia socialista.
E nem vou entrar na questão do fiasco que é a teoria econômica
socialista e social-democrata. Se eu trouxer ao debate as lições de
Böhm-Bawerk, Ludwig von Mises, Hayek, ou dos cristãos R. C. Sproul Jr. e
Gary North contra Marx, Keynes, cepalinos da América da Latina e seus
fãs da mídia gospel-canhota-tapuia, serei acusado de agredir pimpolhos
(intelectualmente falando) com armas contundentes.
Se há algo que essa turma não percebe, com toda esta subserviência
intelectual a uma ideologia assassina que usa um cristianismo
falsificado para atacar o verdadeiro, é o fato de que pensar sobre
questões cristãs não é necessariamente pensar de forma cristã.
O alerta de Harry Blamires (foto), que foi aluno de C. S. Lewis, deve
ser lembrado: sem uma mente cristã, não teremos um pensamento cristão;
sem ele, não teremos ações dignas de serem chamadas de cristãs.
Passou da hora de se aprender esta lição.
Um comentário:
Reciban muchisimas bendiciones desde mi blog www.creeenjesusyserassalvo.blogspot.com
Desde El Salvador Centroamerica
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