terça-feira, 10 de julho de 2007

Ide e adaptai?

Não consigo identificar gente mais tosca que esses teólogos auto-incumbidos da missão de criar uma teologia adaptada à realidade do país, que supostamente proporcionaria melhores resultados na pregação e na vivência do Evangelho no Brasil, algo que, dizem eles, contribuiria para a solução de muitos problemas na Igreja e na sociedade tapuia. Falam em teologia nativa, teologia autóctone, em “uma teologia nossa”. É óbvio que logo o teólogo pitaqueiro mostra a verve terceiro-mundista de suas motivações.E lá vem expressões como “precisamos de uma teologia livre dos ranços anglo-saxônicos” ou “um Evangelho condizente com a nossa condição subdesenvolvida, voltado para a diminuição da pobreza” e afins. Sim, há, também, fúria política nisso tudo, mas o cerne do problema é ainda mais grave.

O texto da chamada grande comissão não diz “ide a adaptai o Evangelho a toda criatura”. Nunca achei um trecho sequer de Paulo - que se fez de louco para ganhar os loucos - apontando para tal necessidade. Vejo, sim, a adaptação da estratégia do pregador, não da essência da mensagem. Vejo a necessidade das pessoas e povos se adaptarem, por meio do arrependimento, à mensagem da Cruz, que, em cada uma das cartas do apóstolo, destinadas a igrejas em contextos sócio-culturais distintos, é sempre a mesma.

Bem, não é de hoje que adaptam o Evangelho às mais variadas inspirações e motivações. Sejam ideológicas, e aí temos o exemplo soturno dos entusiastas da tal “Missão Integral” – rótulo que subentende a parcialidade do Evangelho quando desprovido da mistura com o socialismo – ou mesmo os mais torpes impulsos carnais, como no caso dos “evangélicos gays”, termo equivalente a “ateus politeístas”, “céticos crédulos” ou algo do tipo.

Em Cristo, diz a Bíblia, não há diferença entre circunciso e incircunciso, bárbaro ou cita, judeu ou grego. O Evangelho é um para todos, e é na busca do seu significado mais puro e profundo é que vidas poderão ser transformadas e ver muitos de seus problemas resolvidos. Não consigo perceber algo que tenha causado mais confusão e desavença na história da Igreja do que interpretações parciais e subjetivas da Palavra de Deus, que permanece a mesma, para sempre. Evangelho ao gosto do freguês acarretará sempre na perdição eterna do freguês.