domingo, 31 de julho de 2005

Post de domingo...

A alegria que um cristão obtém, quando se relaciona plenamente com Deus, é imensurável. Constrange quem vê, pois ela mesma está inundada do amor dEle. Quem convive com a presença de Deus acaba por lançar labaredas dela no próximo. Quem foge de Deus logo passará a se sentir incomodado. Por isso é que os cristãos, quanto mais zelosos e devotados, mais raiva despertam naqueles covardes, que não trocam meia dúzia de convicções áridas e sufocantes pela submissão à realidade mais patente: a existência de Deus e seu anseio em ter um relacionamento repleto de amor com cada ser humano.

Para fechar o post, René Girardi (leiam esse cara):

“Se ainda hoje, depois de 2 mil anos de cristianismo, censuram-se certos cristãos por não viver conforme os princípios que eles pregam é porque o cristianismo se impôs universalmente, mesmo entre aqueles que se dizem ateus”.

quinta-feira, 28 de julho de 2005

Sir Silence e um povinho do barulho

Como o silêncio faz bem! Os pensamentos ficam mais claros, mais definidos, quando nada invade nossos ouvidos. Infelizmente, a cultura brasileira não valoriza o silêncio, e a introspecção não é um hábito nosso. Perdemos muito com isso e ficamos superficiais e frívolos. Um povo perigosamente emotivo, com forças reflexivas débeis, com muito mais afinidade com percussão pesada, bumbos, apitos, tamborins e agogôs. Tenho amigos que odeiam o silêncio. Para dormir, ligam a tevê, o aparelho de som, e são sempre os primeiros a dar um grito irônico e impiedosamente estridente quando a conversa pára e todo mundo resolve dar uma epidérmica pensada no que ouviu e disse até então.

Sensuais, vaidosos e dionisíacos a não mais poder, embriagados pelas delícias dos cinco sentidos, eis os brasileiros. Precisam do afago e de beijos para a saudação, do visual impecável (segundo critérios normalmente questionáveis; o"baiano", por exemplo), da decoração da casa toda charmosinha, porém de funcionalidade também questionável. Enfeites que, kitsch ou bem-sacados, abundam em paredes e estantes, dividem espaço com uma enciclopédia velha e jamais lida, alguma literatura de auto-ajuda, uma tevê que quase não é desligada e com um aparelho de som prestes à marcar território assim que o mute do controle remoto do televisor for acionado. Nas festinhas, os dois concorrem entre si, com os gritos da criançada, o sambão de cavalheiros amortecidos pela caipirinha e a balbúrdia promovida pelo animado clube da Luluzinha, que precisa por a fofoca em dia, falar de moda, novela, e do marido de quem não veio.

A sinestesia é fato e todo mundo tem um pouquinho. Então, pode-se identificar até mesmo na "pegada" das cozinhas tapuias, um prazer pelo barulho transposto ao paladar. Sugiro essa associação. Esse apego ao que há de mais picante, de mais in-your-face, a exemplo do que ocorre na visão e no tato. E tome sal grosso no churrasco, tempero forte no marreco (catarinenses, não esqueci de vocês), sem falar nas gorduras pesadas da feijoada, do torresmo e da agressiva pimenta das panelas de Minas e da Bahia.

Para a minoria que sabe do valor do silêncio, porém, as madrugadas são preciosas, exceto as dos finais-de-semana, naturalmente. Nelas, estes afortunados escrevem, lêem, fazem orações e amadurecem idéias. As madrugadas ainda serão consideradas como salvadoras do que ainda há de valor em nossa cultura. Antes do alvorecer, o silêncio passeia livre, acenando cordialmente aos seus apreciadores, sem deixar de presenteá-los e desejar-lhes um novo encontro o mais breve possível. O silêncio acolhe calorosamente quem quer mais de seu intelecto, de sua alma e de seu espírito, com uma ternura que jamais deixa seus admiradores sem preciosas recompensas.

domingo, 24 de julho de 2005

Da santidade do ato conjugal

"Que belos são os teus amores, minha irmã, esposa minha! Quanto melhor é o teu amor do que o vinho! E o aroma dos teus ungüentos do que o de todas as especiarias!
Favos de mel manam dos teus lábios, minha esposa! Mel e leite estão debaixo da tua língua, e o cheiro dos teus vestidos é como o cheiro do Líbano.
Jardim fechado és tu, minha irmã, esposa minha, manancial fechado, fonte selada.
Os teus renovos são um pomar de romãs, com frutos excelentes, o cipreste com o nardo.
O nardo, e o açafrão, o cálamo, e a canela, com toda a sorte de árvores de incenso, a mirra e aloés, com todas as principais especiarias.
És a fonte dos jardins, poço das águas vivas, que correm do Líbano!
Levanta-te, vento norte, e vem tu, vento sul; assopra no meu jardim, para que destilem os seus aromas. Ah! entre o meu amado no jardim, e coma os seus frutos excelentes!"
Cantares 4, 10-16.
(Bíblia Sagrada, trad. Almeida, Fiel e Corrigida)

Sexo é algo sagrado demais, para, nestes tempos de idiotia e barbárie, poder ser encarado da maneira correta pela maioria das pessoas. Uma relação sexual plena tem um sentido muito mais abrangente, profundo e espiritual do que os moderninhos costumam imaginar. O ato sexual é uma celebração da união plena de um homem e uma mulher perante Deus e toda a Sua criação. Deus mesmo institui essa celebração da vida porque é muito amoroso e festeiro. Sim, Deus é festeiro, alegre, mas também é santo e gosta de coisas que, como Ele, têm valor eterno. Por isso, é somente mediante o casamento que a humanidade pode encontrar a significação absoluta do ato sexual, que, ao contrário do que muitos religiosos afirmam, jamais se restringe à perpetuação da espécie. Um dos objetivos do sexo é o prazer, o deleite de um casal que possui uma aliança que transcende os sentidos imediatos e terrenos, e que atinge a dimensão sobrenatural. Portanto, quando se pensar em sexo, vale lembrar o que dizia G. K. Chesterton: "até para se ter prazer é necessária certa disciplina". E disciplina é coisa de discípulo. Se alguém deseja prazeres completos na vida, deve observar quem tem sido seu mestre. Não é a toa que Jesus disse que veio a este mundo “para que nosso gozo fosse completo”.

segunda-feira, 18 de julho de 2005

Desaprender

Se há algo na vida que é importante mesmo é desaprender. Demorei para aprender a desaprender, a largar velhos hábitos comuns a quase todas as pessoas que nada têm a ver com meu caráter, com o que penso, com o que vivo e sinto. São tantos costumes estúpidos, tantas baboseiras que nos ensinam, que acabamos desenvolvendo hábitos e mesmo vícios que ferem nossa essência, dos quais não abdicamos por que crescemos vendo todos fazerem igual.

Estar atento ao que é necessário desaprender é quase tão importante quanto desenvolver um olhar crítico e a capacidade de aprender. Ao longo de nossa passagem por este planeta, submersos na cultura, absorvemos besteiras demais para pensar que, bem adaptados aos devires culturais, teremos uma existência sadia. "Não vos espanteis se o mundo vos odeia", alertou-nos Jesus Cristo. O que denota bem que se nutrirmos uma posição passiva e submissa aos costumes e sensos-comuns, muito daquilo que há de mais precioso em cada vida será sufocado. Espíritos incautos, atolados na contingência e no absurdo serão os primeiros a nos repreender, esses bodes que seguem rumo ao matadouro. "Quer aparecer é?".

Por outro lado, ser "diferente" está na moda. O processo deve vir de longe, mas ficou mais evidente com os "filósofos" modernos (quando eu me referir a Nietzsche, Rossaeu, Voltaire e cia, irá sempre com aspas). Todos, hoje, parecem querer construir seu próprio ideenkleid, ou melhor, tentam viver livres de qualquer idéia ou conceito que não reconheçam como absolutamente seus. Jovens e adolescentes são mestres em manter esse posicionamento ingênuo, ensinados pela geração de super-homens nietzscheanos que promoveram duas sangrentas guerras mundiais no século passado. A exemplo destes, os jovens falam, pensam, se vestem e "digitaum" seus textos de forma cada vez mais parecida. Como bem observou Olavo de Carvalho, o "super-homem", ávido por idéias próprias e o "último-homem", totalmente passivo, pensados por Nietzsche, são exatamente a mesma pessoa. Não é a toa que o homem moderno, quanto mais libertário se diz, mais quer impor essa "liberdade" aos outros.

Portanto, parar de imitar a cultura vigente e as "novas tendências do pensamento contemporâneo", que aprisionam mais do que libertam, como tem sido percebido por muita gente intelectualmente honesta, faz muito bem a saúde. Precisamos desaprender muito do que nos têm sido ensinado desde a mais ingênua e tenra infância, em casa, na escola e "na rua". Sobre o que se ensina nas universidades então, nem se fala.

Desaprenda. Faça como Jesus, imite somente a Deus.

sexta-feira, 15 de julho de 2005

Verdades, sabedoria, conhecimento e crescimento

Já dizia Hermann Hesse: erudição é o saber dos outros. Erudição é boa. Mas trilhar o próprio caminho é imprescindível. Mais do que descobrir novas verdades, precisamos é aprender as antigas e buscá-las a cada dia. Ter conhecimento e ser sábio custa caro, mas está disponível a todos que tiverem um mínimo de coragem e humildade. Descobrir verdades pode machucar, pois elas sempre nos confrontam. Graças a Deus, verdades nunca vêm sozinhas, e uma completa o trabalho da outra. O que uma machuca, a outra cura. Logo, a alma fica cada vez mais fortalecida, pois a verdade que há pouco feriu, se aceita com honestidade, logo passa a ser mais um gerador de forças, mais uma baliza, mais uma revelação para a alma. Quem busca a Deus sabe do que estou falando.