Se há algo na vida que é importante mesmo é desaprender. Demorei para aprender a desaprender, a largar velhos hábitos comuns a quase todas as pessoas que nada têm a ver com meu caráter, com o que penso, com o que vivo e sinto. São tantos costumes estúpidos, tantas baboseiras que nos ensinam, que acabamos desenvolvendo hábitos e mesmo vícios que ferem nossa essência, dos quais não abdicamos por que crescemos vendo todos fazerem igual.
Estar atento ao que é necessário desaprender é quase tão importante quanto desenvolver um olhar crítico e a capacidade de aprender. Ao longo de nossa passagem por este planeta, submersos na cultura, absorvemos besteiras demais para pensar que, bem adaptados aos devires culturais, teremos uma existência sadia. "Não vos espanteis se o mundo vos odeia", alertou-nos Jesus Cristo. O que denota bem que se nutrirmos uma posição passiva e submissa aos costumes e sensos-comuns, muito daquilo que há de mais precioso em cada vida será sufocado. Espíritos incautos, atolados na contingência e no absurdo serão os primeiros a nos repreender, esses bodes que seguem rumo ao matadouro. "Quer aparecer é?".
Por outro lado, ser "diferente" está na moda. O processo deve vir de longe, mas ficou mais evidente com os "filósofos" modernos (quando eu me referir a Nietzsche, Rossaeu, Voltaire e cia, irá sempre com aspas). Todos, hoje, parecem querer construir seu próprio ideenkleid, ou melhor, tentam viver livres de qualquer idéia ou conceito que não reconheçam como absolutamente seus. Jovens e adolescentes são mestres em manter esse posicionamento ingênuo, ensinados pela geração de super-homens nietzscheanos que promoveram duas sangrentas guerras mundiais no século passado. A exemplo destes, os jovens falam, pensam, se vestem e "digitaum" seus textos de forma cada vez mais parecida. Como bem observou Olavo de Carvalho, o "super-homem", ávido por idéias próprias e o "último-homem", totalmente passivo, pensados por Nietzsche, são exatamente a mesma pessoa. Não é a toa que o homem moderno, quanto mais libertário se diz, mais quer impor essa "liberdade" aos outros.
Portanto, parar de imitar a cultura vigente e as "novas tendências do pensamento contemporâneo", que aprisionam mais do que libertam, como tem sido percebido por muita gente intelectualmente honesta, faz muito bem a saúde. Precisamos desaprender muito do que nos têm sido ensinado desde a mais ingênua e tenra infância, em casa, na escola e "na rua". Sobre o que se ensina nas universidades então, nem se fala.
Desaprenda. Faça como Jesus, imite somente a Deus.
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