quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Luther – W. H. Auden

Pessoal, poesia educa. Ensina a escrever, a falar, trabalha com toda a nossa capacidade intelectiva: imaginação, memória, raciocínio, etc. Toca, ataca, apascenta, deslumbra, sempre. É uma pena ver que a maioria das pessoas, com uma mentalidade cada vez mais barbarizada, fica indiferente a toda e qualquer forma de arte mais elevada, preferindo as inanidades da cultura de massa. Mesmo entre os cristãos, pessoas cuja coleção de livros que dá direção para suas vidas, a Bíblia, estando repleta de poesia, infelizmente a coisa não é diferente.Fiquem com uma (já citada aqui no blog) de um dos meus poetas favoritos, W. H. Auden. Abaixo vai a tradução/versão de João Paulo Paes. Fui.

Luther

With conscience cocked to listen for the thunder,
He saw the Devil busy in the wind
Over the chiming steeples and then under
The doors of nuns and doctors who had sinned.

What apparatus could stave the disaster
Or cut the brambles of man´s error down?
Flesh was a silent dog that bites its master,
World a still pond in which its children drown.

The fuse of Judgement spluttered in his head:
´Lord, smoke these honeyed insects from their hives.
All works, Great Men, Societies are bad.
The Just shall live by Faith...’ he cried in dread.

And men and women of the world were glad,
Who´d never cared or trembled in their lives.


Lutero

Consciência pronta a ouvir o ronco do trovão,
Viu o Diabo no vento, todo atarefado
Entrar em campanários, passar sob o vão
Da porta de freiras e doutos em pecado.

O desastre, de que modo evita-lo, como
Aparar o espinheiro dos enganos do homem?
Carne, um cão silente a morder o seu dono;
Mundo, um lago mudo que os filhos seus consome.

O estopim do Juízo queimava em sua mente:
“Fumiga esta colméia de abelhas, Senhor:
Tudo – obras, Sociedades, Grandes Homens – mente.
O Justo viverá pela fé...” gritou, temente.

E quem, homem e mulher do mundo, o temor
Ou zelo nunca atormentou, ficou contente.