sábado, 8 de setembro de 2007

Cientificismo no ar: a nova ordem da ignorância mundial


O cientificismo permanece até hoje como um dos poderosos movimentos gnósticos na sociedade ocidental; e o orgulho imanentista na ciência é tão forte que até mesmo os ramos especiais da ciência dei­xam sedimentos tangíveis nas variantes da salvação através da física, da economia, da sociologia, da biologia e da psicologia.
Eric Voegelin


Na edição de Veja desta semana, na matéria “Graças a Deus – não a Darwin”, o jornalista Marcos Todeschini, finalizando matéria na qual escolas adventistas eram criticadas por ensinarem o criacionismo, não se conteve: “Falta ainda a essas escolas, no entanto, entender que o criacionismo foi superado pela ciência há mais de um século.” E a naturalidade com que William Bonner anunciou a descoberta de nove dentes de gorila na Etiópia como um “elo perdido” na “cadeia evolutiva” do homo sapiens escandaliza apenas aqueles que ainda não se acostumaram com o amontoado de lorotas cientificistas divulgado todos os dias por diversos veículos de comunicação, especializados ou não. Quem viu a chamada do Jornal Nacional no dia 22 de agosto e está minimamente a par do debate notou: Bonner fez tudo o que Richard Dawkins manda: tratou a evolução como um fato, e não como uma especulação teórica.

Parece que não basta mais à Rede Globo soar ridícula no Fantástico. O Jornal Nacional também deve fazer sua parte. A editora Abril, por sua vez, ao permitir que bobagens como as de Todeschini e as da revista Superinteressante sejam publicadas, não fica atrás em matéria de caipirice.

Se, por um lado, o que se vê na mídia de massa sobre ciência nada mais é do que a afirmação de enunciados muito contestados, como os da datação geralmente aceita (DGA) para a idade do planeta e para o período em que viveram seres hoje extintos, por outro, teorias e fatos comprovados que põem em cheque a fé cientificista são simplesmente ignorados. Nunca se comenta, quando se fala em evolucionismo, afirmações como a do eminente defensor da evolução Stephen Jay Gould de que as “árvores evolutivas que enfeitam nossos livros só têm dados nas pontas e nos nós de seus galhos; o resto é dedução, por mais que razoável que seja, não evidência de fósseis”. Porém, mal se descobre uma ossada, e já se ouve a expressão “elo perdido” - falácia que pressupõe uma linha evolutiva com algumas lacunas, quando na verdade tais linhas sequer existem, como confessa Gould.

Diante disso, pode-se concluir: a modelagem do imaginário coletivo em direção ao agnosticismo e à descrença na religião revelada está em estado tão avançado que tratar uma dessas teorias como fato passou a ser um procedimento automático. E pior: confere ao seu emissor a pecha de “esclarecido”, palavra que, nesse contexto, define o crente no velho mito da luta entre religião e ciência, uma das maiores e mais daninhas farsas da história do pensamento ocidental, cujo resultado trágico ainda não pode ser mensurado, mas que em Dostoiévski já era possível detectar sua natureza macabra: “se Deus não existe, tudo é permitido”.

Interessante é que se você perguntar a um desses “esclarecidos” da mídia de massa o que é ciência, é quase certo que ele não saberá responder ou falará asneira. Quanto a isso, o físico escocês James Clerk Maxwell já alertava: “uma das provas mais difíceis para uma mente científica é conhecer os limites do método científico”. Se para tais mentes há essa dificuldade, imagine entre pitaqueiros profissionais, nerds e bobocas diplomados pelo... MEC. Assim fica fácil entender como a redução da pesquisa científica a uma ideologia burra e teofóbica vai ao ar e faz a cabeça da já confusa patuléia telespectadora. Para piorar, o fato é que faz parte do jogo dos cientificistas omitir o significado preciso do que seja ciência – a pesquisa experimental materialista, na definição concisa e certeira de Olavo de Carvalho. Logo, não será na grande mídia que o cidadão comum aprenderá certos conceitos fundamentais sobre a ciência, e tampouco conhecerá as teorias, descobertas e fatos que não só confrontam, mas que em muitos casos destroem na base a maior parte das presunções cientificistas.

Portanto, vale enumerar alguns conceitos e informações que a mídia cientificista omite do grande público.

Sobre o que a ciência pode falar ou não:

A pesquisa experimental materialista - mais conhecida como “ciência empírica” ou “ciências operacionais” - é, de acordo com Gene Calahan, “a tentativa de abstração dos dados experimentais na obtenção de uma relação mecânica universal entre as quantidades mensuráveis”. Não pode reduzir os fenômenos às suas relações mecânicas, nem falar do que algo realmente é. Muito menos afirmar sobre o que é certo ou errado do ponto de vista moral, como muitos que tentam embasar premissas éticas relativistas na Teoria do Caos, no Princípio da Indeterminação de Heisenberg ou na Teoria da Relatividade de Einstein com interpretações forçadas.

A ciência das origens, que investiga a origem, o início e por quais processos o universo teria passado para ser como é, não se enquadra como empírica, e sim como ciência forense, com princípios, regras e métodos diferentes de investigação, pois não lida com aspectos quantitativos e repetíveis, e sim com eventos singulares do passado.

Nenhum conhecimento dessa ordem tem caráter definitivo, e suas premissas, alicerces epistemológicos e conclusões devem passar sempre por um crivo filosófico rigoroso.

Sobre a DGA:


O apego à Datação Geralmente Aceita pelos cientificistas, sobretudo por parte de darwinistas, advém do fato que milhões de anos são uma condição necessária para a macroevolução. Mas para se endossar a DGA é preciso ter confiança cega em três coisas quais não há como provar: (1) que é possível saber as condições originais do artefato que terá sua idade medida – o quanto o mar tinha de sal, ou se isótopos de chumbo não existiam no princípio, por exemplo; (2) que não houve contaminações na amostra, capazes de alterar a taxa de decomposição; e (3) que a taxa de decomposição ao longo dos séculos foi exatamente a mesma.

Do contrário, a data resultante estará errada.

Sobre a natureza religiosa da formulação darwinista

Não há problema algum numa teoria por ter uma fonte inspiracional religiosa. O que uma teoria dita científica precisa ter é apoio científico possível ou real. Tal como o criacionismo, inspirado no Gênesis bíblico, o mito da evolução era uma antiga crença gnóstica que só por meio de Charles Darwin tornou-se hipótese científica, e como mito gnóstico é que grande parte de sua força pode ser explicada. Os tradicionais ataques à fé cristã perpetrados por darwinistas não passam de uma conseqüência natural desse fato, para quem conhece minimamente a história do gnosticismo na cultura ocidental e sua transmutação moderna nas mais variadas ideologias. Não é à toa que cientificismo, marxismo e nazismo sempre partilharam das teses evolucionistas e da fúria contra o legado cultural judaico-cristão.

Sobre teorias alternativas ao evolucionismo, como a do Design Inteligente:

Pouco espaço se dá na mídia de massa aos defensores da Teoria do Design Inteligente (TDI). Três são os motivos: as severas objeções às teses evolucionistas, o fato das suas especulações favorecerem o teísmo e a associação indevida da TDI com o criacionismo.

EM TEMPO: Nem o evolucionismo, nem o criacionismo, nem a TDI, como hipóteses científicas, poderão um dia provar que estão certas, não só pelas próprias limitações do método científico, como por objeções sérias de ordem filosófica: observar o mundo criado e pensar num Criador por analogia é válido. Já tentar provar a existência de Deus, ou do "Designer Inteligente", em laboratório, esquadrinhando fragmentos da criação é ridículo, pois a causa, o propósito e o sentido das coisas criadas estão sempre além delas mesmas. Nem se nega a existência e a necessidade dEle pela presença de combinações naturais bem-sucedidas que supostamente O descartariam. E quantas dessas combinações seriam necessárias para termos uma palmeira, uma ameba ou um elefante? A tese evolucionista esbarra no problema das séries infinitas, e para superá-la deve se ter uma capacidade equivalente a de dizer quantos pontos há numa reta.

Sobre evidências históricas e arqueológicas da veracidade dos relatos bíblicos:

Afirma Nelson Glueck em seu Rivers in the Desert: “nenhuma descoberta arqueológica jamais contradisse uma referência bíblica. Várias descobertas arqueológicas foram feitas que confirmam de forma geral ou em detalhes exatos as afirmações históricas na Bíblia.”

A confirmação de relatos bíblicos por fontes não cristãs, sobretudo sobre a vida de Cristo, também são abundantes, mas, entre fatos históricos comprovados e teorias capengas, a mídia cientificista prefere sempre produzir documentários sobre essas últimas.

Sobre o Princípio Antrópico:

Para que a vida na Terra fosse possível, no momento do big-bang uma série de fatores deveriam estar presentes, e estavam, diz o Princípio Antrópico. Divulgado tal postulado, o fortalecimento da crença em Deus como causa planejadora do universo pode ser tão grande nas massas quanto tem sido entre os mais eminentes cientistas, e isso a mídia não quer. Como diz o filósofo Peter Kreeft, “existem, relativamente, poucos ateus entre neurologistas, neurocirurgiões e astrofísicos, mas muitos entre psicólogos, sociólogos e historiadores. A razão parece óbvia: os primeiros estudam o design divino, e os últimos estudam o undesign humano.”

Sobre as leis da termodinâmica:

As duas primeiras leis (há uma lei “zero” que versa sobre a temperatura como propriedade de equilíbrio) da termodinâmica afirmam que: (1) a quantidade de energia real no universo prevalece constante e (2) a quantidade de energia utilizável está diminuindo, o universo tende à entropia, ao “desgaste”. Essa segunda lei tem uma implicação séria: o que se desgasta não pode ser eterno, logo, teve um início, uma Causa: Deus.

Perguntar não ofende

Por que teorias e postulados que favorecem especulações materialistóides, sempre com as insinuações anti-religiosas de praxe são tão divulgadas na mídia de massa e outras, que, se comprovadas (quando isso é possível) prensariam ateus e cientificistas contra a parede, simplesmente parecem inexistir? Há quanto tempo não se vê nas grandes redes de comunicação, nas revistas de grande circulação e na imprensa especializada tais temas sendo tratados?

Só uma bem articulada estratégia de promoção da ignorância cientificista auxiliada por jornalistas esquerdômanos anticristãos não explica a questão, se não se falar nos mentores do fenômeno. A crescente concentração do poder midiático nas mãos de grupos de planejadores mundiais bilionários, aliançados com a ONU, onde impera o gnosticismo, parece ser a explicação mais plausível para a disseminação sistemática da ideologia cientificista. E nem falo aqui da omissão criminosa da divulgação dos inúmeros pareceres científicos contrários ao discurso ecofascista, como o dos 17 mil cientistas que assinaram a Petição do Oregon, ou de especialistas eminentes como Paul Lindzen e Claude Allegre.

“A ignorância é a maior multinacional do mundo”, dizia o velho Paulo Francis. Qual será o tamanho dela no futuro, quando um mega-truste dessas proporções age sem parar, com todos os recursos ao seu dispor, ávido por dominar o planeta?