terça-feira, 30 de maio de 2006

Gondim, mais uma vez, discordo

O cristianismo não precisa advogar tanto a ortodoxia. O mundo já não se interessa pela defesa de verdades, quaisquer que sejam elas. Existe um fastio quanto a dogmatismos — ideológicos ou religiosos. O anseio é por coerência entre discurso e vida.
Ricardo Gondim, no artigo Salvemos a próxima geração

Ortodoxia é importante sim. Quem não é fiel à Palavra de Deus nem mesmo na exegese, na teoria, será fiel na prática? Duvido. Quem não honra a Revelação divina - pura, simples e milenar, que mudou a história de pessoas e povos inteiros - nem mesmo na hermenêutica, não honrará uma interpretação moderninha qualquer na prática.

E daí que o mundo não se interessa pela defesa de verdades? Quem disse que o que se pensa no mundo deve ser referência para a atuação da Igreja?

De que adianta a coerência entre vida e um discurso distorcido, mentiroso?

A maior dificuldade dos cristãos para harmonizar discurso e prática é que, ao contrário dos discípulos e defensores de todas as outras religiões, teorias e ideologias, o cristão não acredita num discurso inventado por homens. Mas sempre há aqueles que tentam alguns atalhos, misturando cristianismo com outras coisinhas profundamente demoníacas.

Nem é preciso citar versículos que nos advertem quanto ao zelo pela genuína Palavra de Deus, não é mesmo?

terça-feira, 23 de maio de 2006

A mídia de massa, os cristãos, e uma proposta

Se me pedirem para apontar cinco jornais que estejam claramente acima desta média -- se me desafiarem a relacionar cinco jornais que sejam dirigidos de forma tão inteligente, justa, corajosa, decente e honesta como uma fábrica média de pregos, uma empresa de crédito imobiliário ou um negócio de importação de arenques --, levarei dois ou três dias para fazer a lista. E, quando ela estiver pronta e for lida pelo meirinho no tribunal, haverá um rumor de risadinhas abafadas à menção de quase todos eles. Estas risadinhas virão de jornalistas que devem saber um pouco mais do que eu sobre o assunto.
Sobre o Jornalismo - Henri Louis Mencken

Se aquilo que é mostrado é controlado, não há porque se preocupar com as opiniões que surgirão. Opinião depende diretamente da informação. Controlado o fluxo de informações, o grosso da opinião pública estará controlado. É simples assim, mas nunca pensamos que é com a gente. Manipulados são sempre os outros.

Tão importante quanto aquilo que está nos jornais é aquilo que NÃO está, aquilo que NÃO foi notícia. Para lê-los corretamente, não se pode esquecer nunca disso. O conteúdo essencial para que haja a possibilidade de se alcançar um mínimo de objetividade acerca dos fatos NÃO chega pelas grandes agências de notícias nem estará na maior parte dos jornais. E tão importante quanto à notícia dada, é a forma como foi dada. Essa forma, muitas vezes, fala mais sobre o veículo – seus interesses, o perfil intelectual de seus profissionais - do que do fato em si.

Ensina-se nas igrejas crianças e adolescentes a ler a Bíblia, entendê-la e a praticar seus preceitos. Mas será nos mass media que a fé receberá suas primeiras afrontas. Urge, portanto, fazê-los compreender os aspectos mais vis dos meios de comunicação – quem os controla, quem neles trabalha, e quais suas intenções. Fica a dica: oficinas de análise de conteúdo dos veículos de comunicação – com profissionais capacitados e maduros espiritualmente - para aguçar nos infantes o olhar crítico e oferecer-lhes critérios seletivos, tornando-os aptos para identificar a procedência e as intenções das idéias e das informações veiculadas. Assim poderão contornar a avalanche de engodo e desinformação que os cerca e faz o Corpo de Cristo tomar os mais equivocados posicionamentos em tantas ocasiões.

terça-feira, 16 de maio de 2006

Escola em Casa – novo blog

Leonardo da Vinci, Mozart, Graham Bell, Thomas Edison, Abraham Lincoln, George Washington, Jonathan Edwards, Dwight L. Moody, John Owen, irmãos Wesley, Albert Einstein, Blaise Pascal, Winston Churchill, Benjamin Franklin, Charles Dickens, C.S. Lewis, George Bernard Shaw, Mark Twain, Charles Chaplin, John Stuart Mill, Montesquieu, Tolstoy.

O que estas pessoas têm em comum? Estudaram em seus lares por boa parte de suas vidas. Essa lista de célebres homens e mulheres é ainda mais extensa e certamente inclui alguns que jamais chegaram a adentrar uma sala de aula. Pois educar os filhos e estudar em casa sempre foi algo comum para famílias de várias culturas e etnias ao longo das épocas. Infelizmente, após o advento da modernidade, o Estado totalitário de inspiração iluminista roubou esse direito inalienável de vastos contingentes populacionais.

É pelo resgate dessa antiga prerrogativa da família que luta meu amigo Julio Severo, que acaba de montar um blog repleto de valiosas informações sobre o homeschooling: http://www.escolaemcasa.blogspot.com/
Não deixem de visitar!

Engenharia comportamental, doutrinação ideológica: foram se os tempos quais as crianças eram educadas. Diante desse quadro, o direito ao ensino doméstico passa a ser para os cristãos uma opção da qual não se pode abrir mão.

Antes que me perguntem: não, não sou contrário às escolas tal qual conhecemos. Não sou contrário ao "o quê", e sim ao "como". Assunto para outro post.

sábado, 6 de maio de 2006

A redução ontológica e o “Ide”

Liga-se a tevê e eis os telejornais com aquela avalanche de preocupações com saúde pública, amparo aos aposentados, direitos trabalhistas de toda ordem, “cidadania” e todas aquelas nojentas palavras-de-ordem lacrimogênias com o termo “social” no fim. A primazia dos impulsos secundários. Repetem-se os clichês em favor da “auto-estima”, conceito estranho, difuso, que, sob seus auspícios, faz florescer a nova geração dos ególatras com sua peculiar moral de plástico, coitadista, cinicamente multiculturalista e politicamente correta.

O homem moderno parece um frágil bichinho de estimação que a cada passo que dá precisa de mil e um cuidados do Leviatãzão estatal, esse hábil amestrador. Um frouxo, um chorão, um covarde, um subserviente.

A fé, a família, as responsabilidades pessoais, a defesa da pátria, a defesa dos valores que proporcionaram o desenvolvimento da sociedade – os impulsos primários - tudo isso é um fardo pesado demais para o homem moderno. Para essas coisas tenta-se de todas as formas criar “novos paradigmas”. Ávida está a Academia para enterrar o que chama de “famíla tradicional”. A combinação da cultura de shopping center com as ideologias de massa fizeram do cidadão ocidental médio um autêntico palerma. Que já cogita entregar-se servilmente aos homens-bomba, ainda que devidamente anestesiado com lixo acadêmico e midiático, mas que não hesita em abortar um filho que venha obstruir sua vida umbigolátrica de poodle com a camisa do “Che”.

Eric Voegelin usou o termo redução ontológica para se referir a essa mudança de enfoque sobre aquilo que realmente importa para uma civilização. De Deus, do summum bonum, caiu para o summum malum – o medo da morte, introduzido por Hobbes. Depois buscou-se a estabilidade da ordem civilizacional na “Razão”, com “r” maiúsculo, dos desastrados e satânicos iluministas. Mas logo esta logo é pisoteada pelo utilitarismo de John Stuart Mill. Nas palavras de Voegelin, a fase final do processo:

A tentativa de substituir a razão pelo útil foi seguida por outras etapas de descensão ontológica – como, por exemplo, pelo descenso às forças tecnológicas da produção, em Marx; à estrutura racial dos grupos humanos, em Gobineau e seus seguidores; e, finalmente, aos impulsos biológicos, na psicologia do inconsciente. Assim, a substância da ordem desceu, na escala ontológica, a partir de Deus, resvalando hierarquia abaixo pela razão, a inteligência pragmática, a utilidade, as forças de produção e determinantes raciais, até chegar aos impulsos biológicos.

Concluindo: Jesus orientou: buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e as demais coisas vos serão acrescentadas, mas nos últimos séculos tentou-se forjar as mais estapafúrdias alternativas para contornar este mandamento e sua amável promessa. Não se buscou o Reino de Deus e agora outros reinos - o de Allah e o do Estado-babá, protótipo do reino do Anticristo - estão aí, às portas.

Estão os cristãos preparados para reconduzir ao menos o Ocidente (a ordem na realidade é: ide POR TODO O MUNDO e pregai o Evangelho) aos pés da cruz? Ou será que os impulsos biológicos falaram mais alto que o Espírito Santo na vida dos ocidentais sedizentes discípulos de Cristo?