segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Nos tempos da blasfêmia pop

Eles valem-se do conceito bíblico de blasfêmia contra o Espírito Santo, acreditam que há um inferno e na fórmula infalível, de acordo com a Bíblia, de ir parar lá. Portanto, não se pode classificar o pessoal do Blasphemy Challenge, que está lançando a campanha do “desafio da blasfêmia”, de ateus sérios. Eles nada mais são que provocadores anticristãos.

Para divulgar o filme The God Who Wasn't There (O Deus que não estava lá) - alusão ao best-seller do apologeta presbiteriano Francis Schaeffer, The God Who Was There – o “ministério” Blasphemy Challenge (www.blasphemychallenge.com) propõe ao “desafiante” que grave um vídeo no qual blasfeme contra o Espírito Santo, o único pecado sem perdão, segundo o texto do Evangelho de Marcos 3 verso 29, e envie-o a sites como o YouTube. E avisam: “Jesus vai te perdoar por qualquer coisa que você fizer, mas ele não vai te perdoar se você negar o Espírito Santo. Nunca. Essa é uma estrada sem retorno que você esta escolhendo agora.” O prêmio? Uma cópia de The God Who Wasn't There.

Um dos objetivos confessos dessa turminha é aumentar a população do inferno. Nesse sentido, são mais crentes na Bíblia do que os adeptos da heresia universalista. A danação eterna poderá vir, no futuro, a muitos que aderiram à proposta, mas é para o presente momento que a idéia do Blasphemy Challenge tem visivelmente uma meta muito mais séria, por mais que não assumam: por meio da chacota, ridicularizar a fé em Cristo e contribuir para o recrudescimento do anticristianismo, fenômeno notório em quase todo o Ocidente. Certamente os idealizadores do projeto pouco se importam, ou mesmo ignoram de que cristianismo é a religião mais perseguida do mundo e o número de vítimas dessa caçada chegue a 90 mil por ano. A cumplicidade, mesmo inconsciente, é clara, e a História mostra que a perseguição cultural sempre precede à física, a matança em larga escala. É só perguntar a qualquer judeu alemão que assistiu a chegada de Hitler ao poder.

Com tantos adolescentes aderindo, não se pode negar o contorno de esporte radical, de X-Games, que o Blasphemy Challenge adquiriu. O anticristianismo, entre os adultos é supostamente intelectualizado, instigado e influenciado pelos bem-falantes da mídia de massa. O dos adolescentes, para emplacar, não poderia usar gravata: anda de skate e aparece no Youtube. É basicamente Jackass religioso. Aí está a nova tendência. Logo aparecerão mais filmes, videogames e streetwear baseados numa afronta estilozinha ao cristianismo.

Vale lembrar: fosse uma gozação ao budismo, ao hinduísmo, à wicca ou a qualquer culto tribal, os poodles midiáticos teriam chiliquinhos e gritariam: etnocêntricos! Intolerantes! Como é contra o cristianismo, “viva a liberdade de expressão”. Se fosse contra o islamismo, bem, o episódio dos cartuns na Dinamarca refresca a memória, serve de exemplo, e dispensa comentários.

Num quadro como o atual, se os cristãos realmente estivessem atentos, já teriam se posicionado de forma diferente. Infelizmente, parecem acuados demais por bobagens como o evolucionismo, o cientificismo, a manipulação lingüística dos politicamente corretos, a recriminação da fé nas escolas e na Academia, e a insistência na divulgação da mitologia iluminista que caricaturiza o cristianismo e faz as mais estapafúrdias distorções históricas. Cada um desses elementos tem um papel importante para a formação de uma sociedade cristofóbica. Não são poucos os que defendem tais coisas sabendo claramente disso.

Para agravar a situação, o fato é que os cristãos ainda não conhecem a superioridade de suas posições frente à lorota agnóstica e ateísta e acabam enredados pela gritara cética. Podem pagar caro por isso, e a secularização da Europa, já em estado avançado, o esvaziamento de muitas igrejas e as dificuldades crescentes para a evangelização são evidências de que é hora de um despertamento apologético e evangelístico de envergadura mundial.

Jonathan Edwards, rara combinação de teólogo erudito, apologeta e ousado avivalista, já avisava: o inferno é fechado pelo lado de dentro. O espetáculo trash perpetrado pelos “ateus” do Blasphemy Challenge confirma mais uma das convicções do velho mestre calvinista, e compactua, ainda que de maneira cínica e irresponsável, com uma chegada mais rápida de muitos mártires cristãos ao paraíso celeste.

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