segunda-feira, 2 de março de 2009

150 anos de “A Origem das Espécies”. Comemorar o quê?

Nem os evolucionistas, nem a humanidade em geral, têm o quê comemorar com os 150 anos da publicação da primeira edição do livro A Origem das Espécies, de Charles Darwin. Os primeiros, com um mínimo de honestidade intelectual, devem perceber que, ao longo deste século e meio, pulularam fortes objeções às suas mais preciosas convicções. Da gritante ausência nos registros fósseis (alguns até falsos, forjados) até à fragilidade metodológica da Datação Geralmente Aceita (DGA), (imprescindível para defender uma idade da Terra muita alta, condição necessária – mas não suficiente - para a evolução), sem falar no tiroteio teórico existente entre darwinistas clássicos, os heterodoxos e de outras linhas evolucionistas. Entre eles há autores chegando a dizer que o evolucionismo nem sequer é uma teoria, como Robert Peters. Enfim, a situação deles é complicada.

Sim, no imaginário coletivo, a força do evolucionismo é grande. Muita gente ainda confunde acreditar em dinossauros com acreditar que uma ameba virou macaco, e o macaco virou homem. É entre os leigos que eles desfrutam de outro triunfo, mais fácil de desmascarar, contudo: fizeram o povo pensar que há um problema grave com o fato de uma teoria científica, como é o caso de sua principal “rival”, o criacionismo, ter inspiração religiosa. Mas não há nenhum problema real de ordem científica nisso, e, na verdade, o mesmo se aplica ao evolucionismo: Darwin apenas deu uma roupagem ateísta e científica a uma velha crendice gnóstica (o que Marx fez com o socialismo, que muito antes dele já inspirava as conversas de velhos círculos ocultistas, teosóficos e espíritas europeus. Acorde para a vida, “esquerda cristã” ignorante!).

Para piorar, autores como Richard Dawkins, querendo transformar a teoria em fato e chegando a conclusões grosseiras por meio de argumentos pseudo-filosóficos que beiram a infantilidade intelectual (vejam o que tem a dizer Alvin Plantinga, Alister McGrath ou William Lane Craig a respeito), envergonham e descredibilizam ainda mais o representantes sérios do evolucionismo. “Não me confunda com ele”, disse um cientista ateu para McGrath.

Para a humanidade em geral também, nada a comemorar. O evolucionismo contribui para dar ares de cientificidade ao racismo. E aí estão os textos de Darwin e de discípulos seus como Haekel e Huxsley. Também transformou em “verdade científica” o que há de mais irracional: algumas das piores ideologias. Estas, por definição, desprezam a mediação empírica com a realidade. Como negar o apoio da teoria da evolução ao socialismo, esse monstro que gerou mentalidades, governos e outras instituições genocidas? Como negar as ligações entre o nazismo e essa teoria, além do fato do nazismo nada mais ser do que uma derivação nacionalista alemã do socialismo?

Também não há como negar que, mesmo tendo origens no gnosticismo, a teoria da evolução foi talvez a principal causadora da cisão entre a ciência e a fé na mentalidade moderna. Não foram poucos os que perderam a fé graças a essa falsa dicotomia, que, mesmo em muitos dos mais inteligentemente espirituais, reduziu suas certezas a um fideísmo (usar a razão para afirmar, sobre a fé, que fé e razão não se misturam) tosco que emburreceu as massas, e jogou o homem moderno num vácuo espiritual e num labirinto cognitivo do qual grandes contingentes de cristãos ainda têm dificuldade em encontrar a saída.



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