Muros e postes pichados e repletos de cartazes, “stickers” e “lambe-lambes” na região central de Curitiba estão tornando-se ferramentas interessantes para a análise das idéias de algumas das patotas mais afoitas a influenciar a opinião pública – aquela que é sempre uma doente mental, como já lembrava Nélson Rodrigues.
Percebem-se algumas coisas:
(1) - Os vegans vêm aí, e mais radicais. Sabe aquela gente chata, amarelada por falta de proteínas, querendo ser mais santos do que Deus? Pois é. Espalharam pela cidade seu “carne é crime”. Se eu não tivesse mais o que fazer, pegaria o spray e replicava: “ah, bonitão, e a pobrezinho da alface, que nem pode fugir?”, pois não há como levar a sério pessoas que tornam uma mera opção em sua dieta em proposta política. Sim, política, porque taxar alguém de criminoso – no caso, a sociedade atual inteira, praticamente - pelo simples fato de não partilhar dos mesmos hábitos alimentares é até mais do que simplesmente defender um ideal e uma forma de se relacionar com seu corpo e com o meio em que vive. É ser um totalitário assumido.
Outra frase dramática é “Se os açougues tivessem paredes transparentes, ninguém comeria carne”. Prova que o déficit nutricional gera déficit cognitivo e também de vergonha. Viva de gravetos e torne-se um cara-de-pau que pensa truncado.
(2) - Surge um neo-humanismo de beira de estrada que se volta única e exclusivamente ao pacifismo. Luther King e Gandhi são os heróis da turma. Toda e qualquer forma de violência é repudiada. Toda. Jesus pegou o azorrague e pôs ordem e moralidade no templo, e até recomendou aos seus discípulos o porte de espada em certa ocasião. O “homem segundo o coração de Deus”, segunda a Bíblia, foi um rei guerreiro. Portanto, temos em Curitiba mais uma turminha de gente mais amorosa, terna e misericordiosa do que Deus. Não há como não lembrar de G. K Chesterton falando da modernidade como se fosse o conjunto das boas e antigas virtudes cristãs tornadas loucas, pairando soltas e desconexas, distorcendo-se.
(3) - Neonazistas estão à solta. Os punks garantem e advertem. Parece-me que são os únicos figuras aptos a detectá-los, e até porque para eles a violência nazi foi o ferimento de semanas, meses atrás, e não apenas história do século passado, eles sabem o que tal perigo representa. Ao contrário do pelotão de sociologozinhos comunistas da UFPR, cheios de verbas no bolso, menos interessados em pesquisa de campo e alerta a população, do que em legitimar na sala de aula as pichações louvando o MST, o PC do B e o PCB, tão comuns há décadas. Sim, isto cheira a pacto Ribbentrop-Molotov, mas sempre foi mais cômodo para essa turma taxar seus inimigos do dia de “extrema-direita” do que fazer aquilo para o qual são bem pagos.
(4) – Adesivos de gangues com forte propensão a tornarem-se ONGs com boas chances de receberem bufunfa pública (ou seja, o seu e o meu dinheiro), com slogans do tipo “salve o planeta, acabe com os humanos” já podem ser vistos em postes e paredes. Como bem observa o colunista americano Don Feder, eles não especificam o método. Mas após o século XX o que não vai faltar é know-how aos eco-fascistas.
(5) – Óbvia, mas vale comentar: Comum a todos esses grupos é uma escala de valores na qual a opinião dos cidadãos é muito importante (e deve ser mudada), já suas propriedades... não, pois nem o mobiliário urbano é poupado. Sim, eu, você, fulano e beltrano pagamos aquele absurdo em impostos para comprar e manter bancos de praça, sinalização, pontos de ônibus em boas condições de uso, e lá vêm os auto-proclamados visionários de um mundo melhor, para deixar tudo um lixo só.
(6) – Outros grupos: ainda há os adolescebas do “fure o tubo” - que pensam que combustível é capim e se sentem afrontados com, veja só, o dever de pagar a tarifa de ônibus – e o numeroso pessoal do grafite, do hip-hop, com todo aquele talento mal orientado e aquele discurso, misto de petismo, clichês sub-cristãos, asneiras politicamente corretas e defesa da “periferia como padrão estético”. Além dos vândalos vazios de sempre, claro.
Enfim, na propriedade alheia e nos bens públicos, têm aí suas vitrines as manifestações da multiforme imbecilidade humana. Tornam-se visíveis aos poucos, aqui e acolá, algumas de suas novas formas, algumas ainda repudiadas. Logo serão vistas como filosofias respeitáveis e nobres ideais, porque planejadores mundiais como ONU, Clube de Bilderberg, Diálogo Interamericano, CFR e afins sabem o quanto elas podem ser úteis no quadro maior da rede de mentiras com a qual querem enredar a humanidade. A Geração Odara, versão tabajara dos baby-boomers, olha algumas dessas patacoadas com desdém, e com razão. Só esquece que aderiu a outras tão ridículas quanto, as quais só a força do consenso mais bocó pôde atribuir alguma relevância. Mas a pichação de hoje tem tudo para ser o slogan do mainstream cultural e político de amanhã. Estarão nas colunas de jornal, nos cadernos de cultura, na tevê, teatro e cinema. E pior: logo se tornarão leis.
Todos aqueles que não se deixam engambelar por tais sandices já viram e vêem esse filme, que pode passar mais uma vez. É só não fazer nada, já avisava Edmund Burke.
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