terça-feira, 25 de setembro de 2012

O papiro dos coptas e o papinho dos contras

Segue meu comentário publicado junto à matéria 'O papiro da "esposa de Jesus" é visto como falsificação por especialistas', de Joe Kovacs, no Mídia Sem Máscara.



O papiro dos coptas e o papinho dos contras

Pelo exposto na matéria, sobram motivos para se duvidar da autenticidade do papiro. Mas ainda que o fragmento seja de fato do século IV, é lamentável ter de observar tanta gente pensando que isso pode por abaixo o fato conhecido de que Jesus nunca se casou. Haja paciência!

Não é a “tradição cristã”, como vi por aí, que garante que Cristo jamais se casou. São os inúmeros relatos, não só os bíblicos, como também os extra-bíblicos, de seus contemporâneos, dentre os quais alguns que o amavam e outros que o odiavam, que apontam para o fato de que Jesus Cristo jamais teve uma esposa. Resta alguma dúvida de que, caso ele tivesse uma esposa, esta mulher não seria apenas conhecida, mas sim uma referência histórica, um tema milenar de estudos teológicos, culturais e históricos, e seria até mesmo idolatrada?

domingo, 23 de setembro de 2012

De volta ao lar, de volta à realidade

Publicado no Gospel Mais.

É sempre interessante ter contato com as lições de quem dedicou muito tempo estudando uma determinada teoria e se tornou capaz de explicá-la e analisá-la em seus detalhes. Coisa distinta, porém, é conhecer o testemunho de  alguém que manteve um contato não apenas “técnico” e distante com esta teoria, conjunto de convicções ou ideologia, mas que fez ou faz destes enunciados o norte para sua vida, neles busca respostas às questões existenciais mais profundas, e com eles determina seu padrão de conduta, suas respostas a situações diversas e seus objetivos maiores. Diz mais sobre um conjunto de convicções quem as vive com intensidade, quem mergulha sua alma naquilo que professa.

Por isso os relatos de pessoas que passaram por reviravoltas na dimensão intelectual e espiritual de suas biografias  é algo enriquecedor, sendo inúmeros os exemplos na história da ideias, da filosofia e da teologia. As melhores mentes sempre estiveram em busca de respostas. Para elas, ampliar a visão e a consciência sempre foi um dever moral. O relativismo só satisfaz aos frívolos. Grandes mentes sempre almejam respostas  no mínimo satisfatórias para suas indagações.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Três motivos para detestar ideologias

“Não sentir a putrefação do mundo moderno é sintoma de contágio.”
Nicolás Gómez Dávila


A chamada guerra cultural é um fato latente de nosso tempo que nenhum cristão maduro pode deixar de levar em conta se almeja entender os atuas fenômenos culturais e políticos. O termo “disputa por corações e mentes” remete a Guerra Fria, mais ainda serve para evocar uma realidade que se tornou nas últimas duas décadas ainda mais complexa do que aquela em que apenas dois pólos se opunham. Intelectuais agindo em redes organizadas, próximos ao centros de poder e de divulgação de informações para as massas têm definido não só os temas a serem debatidos, mas principalmente os termos nos quais se deve-se debater questões políticos e culturais decisivas.

O boicote e as ameaças que cientistas que se recusaram endossar a tese do “aquecimento global” sofreram são provas claras que certos grupos não descartam recorrer à chantagem e a métodos escusos para modelar, mais do que a opinião pública por alguns meses, o imaginário coletivo por décadas.

domingo, 9 de setembro de 2012

De machorras militantes e mal-amadas no mercado

O feminismo está vivo e ativo como nunca antes. Não só devido a era Lula, em que as menicuccis, lionças, “vadias” e outras lésbicas comunistas interagem em postos do governo federal, marchas, articulações inter-ONG’s para lobbies políticos (o que chamam de “debate com ‘sociedade civil organizada’”) e para captar recursos de fundações globalistas para suas instituições. Além desse feminismo militante que apóia tudo o que não presta, como o aborto, a dissolução da família vide “casamento” gay e o controle da mídia, e que falando por décadas em igualdade fez as mulheres tornarem-se funcionárias da construção civil, por exemplo, há um outro, difuso, sutil, e que adentra até mesmo a cabeça das mais piedosas das mulheres cristãs.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

A praga do fideísmo


Entre os muitos exercícios para a paciência que encaro todos os dias há um que está sempre no “hard mode”: ouvir cristãos, ao emitirem opiniões (opinião, essa deusa vulgar) sobre aspectos da doutrina, sobre vida devocional, ou sobre aquilo que crêem que é correto do ponto de vista teológico e bíblico, jogando o fideísmo ao quatro ventos. “Abandone sua razão para entender o que Deus quer de você e para você”; “pare de se ater ao seu entendimento se quiser viver uma vida cristã mais rica”; “deixe de raciocinar e ouça ao Espírito”. Quem nunca ouviu tais frases? Nem é preciso dizer que daí em diante surgem os pitacos mais estapafúrdios sobre as relações entre a fé e a racionalidade, e claro, as mais “maduras” e mui “espirituais” críticas a quem é visto como apegado ao estudo de temas sérios, ao aprendizado sistemático das doutrinas cristãs, ou meramente a uma vida intelectual menos miserável.

O fideísmo é isso: usar a razão para afirmar, sobre a fé, que fé e razão não se misturam. Soa engraçado e contraditório? Sim. Mas é uma mania consolidada em muitos segmentos da igreja brasileira. Kierkegaard caiu nessa. Karl Barth também. (Barth também caiu em outras piores, assunto para outra ocasião.) E que ninguém se engane. Às portas e mesmo dos púlpitos de templos das denominações de grande tradição e legado intelectual é possível ouvir tais disparates.