segunda-feira, 30 de janeiro de 2006

Os críticos e “esses crentes”

Há muitos entre nós que criticam alguns aspectos da cultura evangélica brasileira, não sem certa razão. Já quanto às motivações com que fazem isso, tenho sérias objeções, porque elas transparecem no discurso e percebo a dimensão da influência secular nas opiniões de tais irmãos. Para mim, isso basta para desqualificar o discurso deles quase que por completo. Não há nada pior do que se permitir deixar levar pelo secularismo só para se ter algo a dizer, ainda mais contra a própria Igreja. Se a cultura cristã apresenta falhas, basta ver observar a degradação da sociedade ao nosso redor para perceber quão frágeis e demoníacas são as premissas defendidas pela cultura secular. Aos irmãozinhos criticastros que anseiam por uma igreja mais palatável aos seus padrões, moderninha e “contextualizada”, deixo o recado de Jesus: quem comigo não ajunta, espalha. Fechem a boca, vivam e celebrem o Evangelho.

terça-feira, 24 de janeiro de 2006

A Liberdade unificadora e o legalismo faccioso

Um dos maiores desafios da Igreja hoje quanto à sua organização, sob os moldes bíblicos, é conciliar um dos maiores anseios de Cristo, um reiterado para que todos sejam um, exposto em sua oração sacerdotal no capítulo 17 do Evangelho de João, com o respeito pela individualidade de cada discípulo de Jesus, evidenciado em passagens como examine pois o homem a si mesmo (Coríntios 11:28) e tem cuidado de ti mesmo e da doutrina (1 Timóteo 4:16).

Observo que os diferentes legalismos existentes nas diversas denominações cristãs constituem não só violações absurdas e abusivas da liberdade de cada fiel, mas também uma das principais causas da atual mutilação do Corpo de Cristo – o próprio sectarismo denominacional. Ao longo dos dois últimos milênios, foram raros os momentos em que a Igreja deu a devida atenção a um conselho do apóstolo Paulo, suficiente para unificar de uma vez todo um amontoado de denominações que só se diferenciam umas das outras por manifestar diferentes padrões de legalismo: quem come não despreze o que não come; e o que não come não julgue o que come, porque Deus o acolheu. (Romanos 14: 3).

Enquanto a Igreja não aprender essa lição, não conseguirá manter-se unida. Consequentemente, o mundo não vai crer no Deus que enviou Jesus Cristo. É Jesus que faz tal afirmação, em João 17: 21-23, num dos trechos mais belos, profundos e impactantes das Sagradas Escrituras:

A fim de que todos sejam um; e como és tu, ó pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós; eu neles e tu em mim,a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim.

Pode-se ter absoluta certeza que assim que todos os cristãos almejarem essa unidade, que, como se vê, é fundamental para que os propósitos da Igreja sejam cumpridos plenamente aqui na terra, nossos templos ficarão pequenos e o Evangelho transbordará pelas ruas.

Essa união tão ardentemente sonhada por Jesus, para que o mundo creia, não deve, porém, se realizar a qualquer custo, com a complacência a velhos vícios de ordem institucional e a tolerância ao pecado. De forma alguma. Quanto a isso o apóstolo Paulo dá uma orientação que novamente evidencia o valor do zelo pela Verdade, da consciência individual, da santidade e da excelência na vida cristã a qualquer custo: E até importa que haja entre vós facções, para que os aprovados se tornem manifestos entre vós. (I Conríntios 11:19)

Enfim, só devemos nos afastar dos não aprovados. E para saber quem é aprovado ou réprobo quanto à fé, a fórmula é simples: pelos frutos os conhecereis. Submetamos, portanto, nossas mentes à autoridade de Cristo, pois o homem espiritual julga a tudo, e por ninguém é julgado (I Cor.2:15).

Minha oração é para que possamos, com ousadia e direção do Espírito Santo, aplicar tais diretrizes contidas nas Escrituras, para que o sonho de Jesus se cumpra e vidas sejam salvas.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2006

Na graça e no conhecimento

O Brasil é um país onde um belo bronzeado, num corpo “sarado”, pode acabar sendo mais valorizado que qualquer habilidade e talento para realizar complexos cálculos trigonométricos ou executar alguma peça de Liszt ao piano. Canso de presenciar situações onde as habilidades inatas são mais prestigiadas do que a técnica e o conhecimento adquiridos por meio de estudo e treino. Quando não há uma visível possibilidade de que o conhecimento logo se reverta em lucro financeiro, o estudioso corre o risco de ouvir aquele “larga esse livro aí!”. E o que nossos intelectuais fizeram com as instituições e com a cultura do país nas últimas décadas mostra claramente a completa desconexão entre a realidade e discurso dessa casta de sábios segundo a carne, que dão as coordenadas para os rumos do país mas que, hipocritamente, nunca se reconhecem como elite.

Enfim, não somos uma nação teorética. Aqui o sentimento prevalece sobre a lógica, o belo sobre o verdadeiro e a emoção sobre a razão.

Entre os cristãos brasileiros, infelizmente, a coisa não é diferente: Nas igrejas, qualquer exortação a um exame mais rigoroso da Bíblia logo é contestada com um diabolicamente descontextualizado e mal-interpretado “a letra mata, irmão!”. Não é à toa que os seminários estão infectados por sistemas teológicos modernóides e teoricamente quebradiços. No Brasil, o pregador performático tem a agenda mais cheia do que o mestre exegeta.

A Bíblia, no entanto, adverte que meu povo padece por falta de conhecimento. Parece-me que este é um versículo-síntese da atual situação da Igreja perante o tornado institucional no qual o país gira e no lamaçal civilizacional no qual chafurda: o crescimento numérico da Igreja ainda não se refletiu numa influencia positiva para a mudança desse quadro. A fé do cristão brasileiro é plausível suficientemente para salvar sua alma, mais incapaz de tornar-se uma verdade ‘social’, de caráter universal, que mais do que salvar homens, muda o destino de nações. Cada um tem “o seu jeito” de se relacionar com Deus, mas não se consegue propor um Evangelho como luz dos homens, como verdade universal capaz de destruir os sofismas mentais que apontam para o subjetivismo exacerbado e o relativismo demoníaco.

A falta da sede pelo conhecimento constitui o fator originário desse quadro e os cristãos brasileiros ainda não conseguiram transformar a conversão ao Cristianismo numa reviravolta também intelectual para suas vidas e para a vida de seus irmãos. Assim, só crescem na graça, que é, sem dúvida, fundamental, mas não no conhecimento, justamente no momento que a mente começa a se livrar das amarras demoníacas que tentam roubar, matar e destruir tanto indivíduos como instituições. E a Igreja permanece como um gigante adormecido, sem proporcionar aos cristãos um desenvolvimento pleno, integral, e sem influenciar a nação de maneira contundente e decisiva para seu destino.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2006

Nenhuma chance para o desespero

Pior do que pecar, é “desesperar do pecado”, afirma Sören Kierkegaard n´O Desespero Humano. O teólogo (ou filósofo, se preferirem) dinamarquês usou este termo para designar aquele desgaste oriundo da negação do arrependimento: desesperar do pecado é um segundo abandono, e que, como dum fruto, espreme do pecado as últimas forças demoníacas. Neste sentido, ainda faz outra observação: poderia dizer-se que começa por renegar o bem, e se acaba por renegar o arrependimento.

Sabemos, é arrependimento que nos traz o perdão. Ao pecarmos, deve-se buscar um arrependimento genuíno para que o sangue de Jesus Cristo nos purifique; ter sempre em mente que somos pecadores e que, como avisa Kierkegaard, é um pecado a mais o estado de contínuo de pecado, (...) permanecer no pecado é renová-lo.

Aprecio duas passagens “anti-desespero”, que me confortam nos momentos que me deparo com os mais vis aspectos da minha natureza pecadora. São estas:

Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por Ele salvos da ira. Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados por Deus mediante a morte de seus filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida. (Romanos 5:8-10)

Pois, se o nosso coração nos acusar, certamente, Deus é maior que nosso coração; e conhece todas as coisas. (I João 3:20)

Não será quantidade alguma de pecados que anulará o sacrifício redentor de Jesus Cristo pelas nossas vidas. Não há motivo para fugir do perdão. Tampouco para permanecer no pecado.


ps: Postado aqui da casa da minha amiguinha Norma Braga.