sexta-feira, 28 de março de 2014

Mais-valia na “missão integral” e as manhas de Ariovaldo Ramos


Publicado no GospelPrime e no Mídia Sem Máscara.

É bom quando o culpado confessa o delito. Facilita o trabalho e reitera o valor e a veracidade de informações que divulguei, sob grossa nuvem de críticas baseadas na ignorância ou na mentira grosseira. Mais uma vez ele, Ariovaldo Ramos, ao vivo e a cores, fez o de sempre: inseriu teses seculares falsas na fé cristã. Admitindo que a “teologia” da “missão integral” (TMI) não faz uso do referencial teórico marxista, “apenas” (jamais esquecerei este “apenas”) da tese da mais-valia e da crítica ao capitalismo. Deu na Ultimato meses atrás.
Nesta quinta-feira (20), Ariovaldo Ramos publicou o mesmo texto em seu blog, justamente sem o trecho onde afirma isso e então enviou o link para o seu amigão de longa data Renato Vargens, que havia, antes tarde do que nunca, falado algo contra a TMI. Entendeu com quem estamos lidando? É assim que o “Ari” trata de questões espirituais e intelectuais com quem considera seu amigo.

Vargens, como muitos outros, prefere manter a amizade com o promotor de uma teologia falsa a, em obediência ao verdadeiro Evangelho (2ª Jo. 9 a 11), manter distância daquele que o distorce para contaminar o povo de Deus.
Bem, além de estarmos diante de mais um caso no qual a dissimulação revolucionária é pega em flagrante, temos o mais importante: a mais-valia é simplesmente a tese central da obra de Marx, e sobre ela é que Marx constrói sua teoria da exploração, sua crítica ao livre mercado e legitima suas incitações à “luta de classes”, à barbárie e à matança. E o pior: a teoria da mais-valia é falsa. O valor de um bem de capital não se restringe ao que se chamou de “valor-trabalho”, a quantidade de trabalho utilizado na fabricação de um bem. Marx afirma que, como o salário pago ao proletário é inferior ao valor-trabalho aplicado na produção da mercadoria, aí fica manifesta a exploração inerente ao sistema de livre mercado, pejorativamente chamada por ele de “capitalismo”.
Marx, aí, não leva em conta a dimensão subjetiva do valor dos bens de consumo, nem os demais elementos fundamentais para a produção do bem, como toda a estrutura necessária e os custos para mantê-la, o conhecimento aplicado para o desenvolvimento dos produtos, os equipamentos, etc. Portanto, a legitimidade do lucro do empregador não só existe, como é maior do que até mesmo certos críticos do marxismo gostariam de admitir. Que tal ler Eugen von Böhm-Bawerk? Não que seja absolutamente indispensável: se você entende minimamente o que na primeira lição de um curso de marketing se ensina, o conceito de “valor agregado”, já tem em mãos o suficiente para lançar toda a teoria econômica marxista no lixo, e junto com ela, toda a lorota raivosa e genocida da ideologia socialista.
Nunca na história teses tão falsas fizeram matar e morrer tanta gente. E aí, Ariovaldo, ícone da TMI, apologista do MST e fã de Hugo Chávez, assume que mistura justamente essa asneira, raiz de tantos males, com a fé cristã. E o resto, sabemos: é puro discurso legitimador para os incautos e vaidosos. Com ele, as hostes revolucionárias vão adentrando nossas igrejas e conquistando a boa-fé de massas de cristãos intelectualmente desprotegidos.
O grande erro nesse debate é pensar que a discordância com a TMI se reduz meramente ao campo da visão político/ideológica. Negativo! O que está em jogo é a hermenêutica bíblica sadia, pois a TMI, com todo seu pesado fardo revolucionário, insere ênfases que desnorteiam a leitura adequada de certas passagens, contrariando, assim, certos princípios fundamentais da fé e jogando outros para um segundo plano. A grave conseqüência é a distorção completa de toda a visão bíblica sobre a dimensão econômica da vida humana e, portanto, da ação dos cristãos na esfera pública. Na verdade, eis o grande objetivo da TMI, e aí está, aos olhos de todos, a atuação política de seus entusiastas, e dos aliados, novos e velhos, de Ariovaldo Ramos.
Mas não há mistura entre a luz do Evangelho com as trevas do marxismo. Ainda restam dúvidas que o PT se opõe a todos os valores mais caros aos cristãos brasileiros? O que dizer da histórica aliança do PT com as FARC, que fechou 150 igrejas cristãs na Colômbia só em 2013, e de 2004 a 2009 fechou 130? Que cristianismo é este que louva o comunismo e se cala ante a perseguição brutal e sistemática de cristãos? Até hoje não vi uma criatura da “esquerda gospel” abrir a boca contra a perseguição anticristã do Foro de São Paulo.
Entretanto, há quem ainda pensa que deve se esperar um mínimo de sinceridade do PT quando seus lideres dialogam com cristãos.
Portanto, tudo o que resta ao cristão interessado na pureza dos princípios da fé cristã é repudiar, de forma sistemática e firme, essa farsa chamada “teologia” da “missão integral”. A séria advertência do apóstolo João continua válida: “todo aquele que ultrapassa a doutrina, mas vai além dela não tem a Cristo”.

Edson Camargo é o editor-executivo do Mídia Sem Máscara. Também é editor na Rádio Vox.
http://profetaurbano.blogspot.com

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