"Pela primeira vez examinei a mim mesmo com o propósito seriamente prático. E ali encontrei o que me assustou: um bestiário de luxúrias, um hospício de ambições, um canteiro de medos, um harém de ódios mimados."
C.S. Lewis.
Ao me deparar com a citação acima, repleta da desconcertante honestidade, lucidez e brilho do autor das Crônicas de Nárnia, sempre tão comentado nesse blog, não pude evitar que minha mente me levasse para o exemplo do extremo oposto da precisão com que Lewis se examinou e se expôs. Lembrei de uma cena comum, pessoas sentadas, conversando, se autojustificando e se autolisonjeando perante as outras. Com o velho e conhecido discurso:
- Sou uma pessoa boa, pago minhas contas, sustento meus vícios e não devo nada pra ninguém. Trabalho bastante e sempre respeitei minha família, amigos...blá blá blá...
Curioso é que não raro, essa umbiguista e farsesca exaltação dos mais altos valores é sucedida com alguma ameaça do tipo “mas não mexa comigo. Senão...”. De fato, cascavéis não conseguem ficar muito tempo sem chacoalhar o guizo.
É exatamente por isso que a afirmação de C.S. Lewis é marcante. Um dos mais geniais escritores cristãos de todos os tempos reconheceu em si mesmo o que qualquer botequeiro e outros sedizentes cristãos não conseguem admitir. O apóstolo Paulo fez declaração do mesmo teor:
Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não porém, o efetuá-lo. Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço.
Romanos 7:18,19 (Bíblia Sagrada, trad. Almeida. Revista e Atualizada
A grande diferença é que Paulo e C.S. Lewis sabiam do que habita na natureza humana. Paulo prossegue:
Mas, se faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim.
Romanos 7:20
E Lewis nos presenteia com mais uma:
O cristão tem grande vantagem sobre os demais homens, não por ser menos decaído que eles, nem por ser menos condenado a viver no mundo caído, mas por saber que é um homem caído num mundo caído.
Lembro de que uma vez despertei o furor de algumas pessoas por dizer o óbvio: que a natureza delas é a mesma de Adolf Hitler, ele era tão humano quanto nós. Fui duro, sim, pois é preferível partilhar da natureza de Gandhi ou de Billy Graham, não é mesmo? Que é exatamente a mesma do bigodudinho austríaco racista e barraqueiro.
Quem tenta justificar a si mesmo não se conhece. Quem tenta ser justificado pela graça de Deus, mediante a fé no sacrifício de Cristo, reconhece o que Paulo, C.S. Lewis e Billy Graham perceberam. Que somos pecadores que necessitam da graça e perdão de Deus, manifestos em Jesus Cristo.
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